As fotoesculturas criam uma nova linguagem artística na qual as molduras interagem com as imagens proporcionando-lhes uma terceira dimensão. Estas por sua vez emprestam profundidade às molduras. A este conjunto interativo chamamos de fotoesculturas onde suas partes não podem ser separadas devido à relação de cumplicidade que as inspirou e motivou, justificando sua existência.
Diversidade na Unidade |
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Numero de registro da obra: 006/FE
Nome da Obra: “ Diversidade na Unidade”
Série Muros – foto de muro antigo construído com pedras e adobes com moldura em madeira de demolição sobre a qual foram aplicados mini-adobes de barro. Painel medindo: 0,90 m. x 0,57 m.
Local da foto: Pirenópolis-GO: 2006
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Nobreza Brasileira |
Número de registro da obra: 001
Nome da Obra: “ Nobreza Brasileira”
Painel com foto de aldeã com moldura em Jacarandá do cerrado resgatado do fundo do rio. Tamanho do painel: 1,07 m. x 0,75 m.
IMG 8788 – 61 x 93
Local da Foto: Olhos D'Água-MG: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
De Prosa em Prosa |
Detalhe da moldura |
Numero de registro da obra: 002
Nome da Obra: “ De Prosa em Prosa”
Painel com foto de aldeão de Olhos D'Água enrolando seu palheiro, montado
sobre suporte de madeira de demolição de antigos currais com aplicação de cavilhas originais de madeira e parafusos enferrujados. Dimensões: 0,82 m. x 0,72 m.
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2008
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Marcas do Tempo |
Numero de registro da obra: 003
Nome da Obra: “ Marcas do Tempo”
Painel com foto de aldeã de Olhos D'Água tragando um cigarro. Painel com moldura de
madeira resgatada do lodo no fundo do rio. Detalhes: parafusos e cravos de ferro enferrujado originais. Tamanho: 0,92 m. x
1,05 m.
Imagem original: IMG_9548
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Marcas do Tempo
Em uma manha de setembro de 2007, a fotógrafa Ana Isabel
Nunes estava sentada no chão da varanda da casa lendo e refletindo sobre a
biografia de Diane Arbus, uma fotógrafa que quebrara paradigmas da fotografia
ao dedicar-se a registrar a vida, o cotidiano, os hábitos e os caminhos
percorridos por pessoas “pouco convencionais”, tratadas geralmente como
espúrias, párias de nossa sociedade “civilizada”.
Ao seu lado sua inseparável câmera, o livro, um maço de
cigarros e o isqueiro. Quando ela levanta os olhos vê que está sendo observada
do portão por uma senhora muito idosa, de lencinho na cabeça, pele muito
enrugada e olhar profundo. Suas vestes são quase farrapos e no rosto um quase
sorriso. Ana a cumprimenta, ainda meio assustada, surpresa com a presença e com
a semelhança do que acabava de ler. Era como se Diane Arbus estivesse ali,
dentro dela diante do desafio de registrar aquela presença incomum e
surpreendente.
A velha senhora mal consegue balbuciar palavras
inteligíveis, mas gesticulando se comunica e Ana entende que ela pede um
cigarro, no que é prontamente atendida. Estabelece-se uma empatia, uma sinergia
entre ambas. Ana lhe entrega o cigarro e o acende para ela. Ela puxa uma
tragada após a outra como a saborear a fumaça do intimo de seu ser.
Ana apanha a câmera e pergunta se pode fotografa-la, ao que
ela responde que sim com a cabeça. Foram apenas duas ou três fotos, focadas
principalmente em seu rosto, em suas rugas e seus cravos. E não precisava mais que isso. Eles
representavam as marcas de um tempo, continham o registro de toda uma vida, de
uma existência sofrida e impressionantemente rústica e viril. Ana apaixonou-se
imediatamente por aquela figura, por sua energia vital e pelo simbolismo que,
para ela, a presença daquela mulher, naquele lugar e naquele instante
significaram.
Tão rapidamente quanto chegou ela partiu, andarilha do mundo,
não tinha mais tempo a perder. Partiu tragando seu cigarro conquistado com a
beleza de sua simples existência. Tão nobre e tão pobre, tão digna e tão
singela. Na verdade, palavras jamais conseguirão descrever a intensidade dessa
troca que se estabeleceu entre as duas mulheres. Mas uma infinitésima parte
ficou registrada na imagem que gerou esta fotoescultura.
Eu, por minha vez, apaixonei-me pela foto e imediatamente
pus-me a procurar os pedaços de madeira resgatados do lodo do fundo do rio mais
antigos e carcomidos pelo tempo, que mais se identificassem com aquela figura e
com todo o contexto que representava. Separei os quatro pedaços mais
representativos para que a moldura estabelecesse o diálogo, agreguei alguns
cravos de ferro bastante enferrujados e imortalizei aquele momento
inesquecível.
Nunca mais Ana ou eu vimos à velha senhora, mas ela está
sempre presente em nossa memória e consagrada através de nossa arte.
Dimensões da Liberdade |
Numero de registro da obra: 008/FE
Nome da Obra: “ Dimensões da Liberdade”
Série Janelas – foto da janela de uma antiga casa de farinha. Painel montado sobre suporte de madeira de demolição com aplicação de adobes em barro. Dimensões: 0,98 m. x 0,65 m. Detalhe: folha de janela aberta com suas ferragens originais e rachadura natural nos adobes.
IMG 4214i - 67 x 52
Local da foto: Sítio do Salomão - Olhos D'Água-GO: 2008
Acervo: Gisele Gama Andrade
Caminhando com o Vento |
Detalhe da moldura |
Detalhe da moldura |
Caminhando com o Vento |
Numero de registro da obra: 004
Nome da Obra: “ Caminhando com o Vento”
Painel com foto de árvore secular: Jacarandá do Cerrado, em Olhos D'Água-GO, espalhando seus galhos e lançando raízes. Painel com moldura de
madeira resgatada do lodo no fundo do rio acompanhando o "caminhar" da árvore em um movimento contínuo e eterno. Tamanho: largura 2,10 m. x
altura 1,57 m.,
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Caminhando com o Vento
Fotoescultura com imagem de Ana Isabel Nunes de árvore
secular: Jacarandá do Cerrado (espécie em extinção), em Olhos D'Água-GO. A moldura
de madeira é carcomida pela água, pelo fogo e pelo tempo, foi resgatada do lodo
no fundo do rio. Procuro juntar as peças dando “pernas” à moldura como as da
árvore para que ambas andem juntas levadas pelo vento. A moldura e a imagem
caminham junto com o "caminhar" da árvore em um movimento contínuo e
eterno.
Restam apenas alguns poucos exemplares do exuberante
Jacarandá do Cerrado. Madeira de lei com o cerne muito duro e escuro, quase
preto, com fibras longas e a casca clara e rugosa. A árvore fotografada ocupa
uma área de mais de 100 m². Em sua volta, todas as demais foram extirpadas para
dar lugar a pastagens.
Essa sobrevivente tem uma idade estimada em mais de 100
anos. Ela se espalhou pelo campo lançando longos galhos e raízes que vez por
outra chegam a tocar o chão como se fossem pernas caminhando para algum lugar –
lugar nenhum, ela vai para onde o vento a levar.
Ana Isabel a fotografou em abril de 2007, no fim do verão,
começo do outono, período de término da estação chuvosa, justamente quando a
natureza mostra toda sua plenitude para, logo após, hibernar nos seis meses de
seca que sucedem. Foram feitas cerca de 60 imagens de todos os ângulos
possíveis, durante mais de duas horas o frondoso Jacarandá pousou para a
fotógrafa com toda sua exuberância.
Na foto escolhida para compor esta fotoescultura uma pequena
nuvenzinha muito branca intrometeu-se na paisagem, bem no meio da galhada, como a dizer: também quero participar deste
momento único. Ana Isabel atendeu a seu pedido e registrou a intrometida por
entre as folhas e galhos. E lá está ela.
O céu do cerrado nessa época do ano, após uma chuva rápida,
é de um azul muito intenso - formou um fundo perfeito para a pose da bela
árvore. Após fotografá-la, Ana Isabel e eu ficamos alguns minutos em silêncio a
admirar aquela paisagem inesquecível. Em silêncio também agradecemos sua existência
à natureza e prometemos fazer todo o possível para preservá-la, para
eternizá-la, em nossa memória e por meio de nossa arte.
Cavaleiros do Crepúsculo |
Numero de registro da obra: 005
Nome da Obra: “ Cavaleiros do Crepúsculo”
Painel com foto da partida dos Cavaleiros do Divino após o final do Pouso de Folia no entardecer . Painel montado
sobre suporte de madeira de demolição de antigos currais com aplicação de cerca em arame enferrujado sobre a foto
medindo: 0,98 m. x 0,65 m.
Imagem original: IMG_5148
Local da foto: Sitio do Zezé Balbino - Olhos D'Água-GO: 2012
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Santa Ceia |
Numero de registro da obra: 006
Nome da Obra: “ Santa Ceia”
Painel com foto da celebração do Agradecimento da Mesa no Pouso da Folia do Divino, montado
sobre suporte de madeira de demolição com aplicação de uniões em chapa de ferro batido,
medindo: 1,20 m. x 0,85 m.
Local da foto: Pouso de Folia do Divino - Olhos D'Água-GO: 2008
Acervo: Gisele Gama Andrade
Torres Gêmeas |
Torres Gêmeas |
Número de registro da obra: 007/FE
Nome da Obra: “ Torres Gêmeas”
Série Cidades Históricas – foto das torres da Igreja Matriz sobre a
copa das árvores com moldura em Jacarandá do cerrado resgatado do fundo do rio. Tamanho do painel: 1,15 m. x 0,90 m.
IMG 8788 – 61 x 93
Local da Foto: Tiradentes-MG: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Quem espia sempre alcança |
Numero de registro da obra: 009
Nome da Obra: “Quem espia sempre alcança”
Série Animais – Painel com foto de pintinhos na cerca com moldura em
madeira de cerca antiga carcomida pelo tempo. Detalhe: parafusos antigos enferrujados. Tamanho do painel:1,40 m. x 1,00 m.
Local da foto: Pirenópolis-GO: 2006.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
O Som da Luz |
Numero de registro da obra: 010
Nome da Obra: “ O Som da Luz”
Série Objetos – foto de objeto primitivo de percussão
confeccionado em cerâmica. Painel montado com moldura de madeira cuneiforme de Angico medindo: 1,37 m. x 1,46 m.
Detalhe: cavilhas de ipê.
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2006
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Cumplicidade |
Numero de registro da obra: 011
Nome da Obra: “Cumplicidade”
Painel com foto de cena da Casa de Farinha com moldura em
madeira de cerca antiga carcomida pelo tempo. Detalhe: parafusos antigos enferrujados e aplicações de chapa de ferro batido. Tamanho do painel:1,40 m. x 1,00 m.
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2007.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Café Bulesco |
Café Bulesco |
Detalhe Café Bulesco |
Detalhe Café Bulesco |
Numero de registro da obra: 012
Nome da Obra: “ Café Bulesco”
Painel com foto do bule de pano de 90 cm. onde é passado o café para ser servido nos Pousos de Folia do Divino montado
sobre suporte de madeira de demolição de antigos currais da região com aplicação de adobes de barro
queimado dando continuidade ao piso . Tamanho do painel: 1,96 m. x 1,25 m.
Imagem original: IMG_0611
Local da foto: Pouso de Folia do Divino - Olhos D'Água-GO: 2008
Local da foto: Pouso de Folia do Divino - Olhos D'Água-GO: 2008
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Trenzinho do Caipira |
Numero de registro da obra: 013
Nome da Obra: “Trezinho do caipira”
Série Maria Fumaça – Painel medindo 2,00 mt x 0,60 mt contendo 5 fotos que reproduzem a aproximação do trem e sua passagem, montadas
em sequência com moldura que reproduz um trilho de trem, em ferro com
dormentes em madeira de demolição. Detalhe: os grampos em L que fixam o trilho
nos dormentes idênticos aos originais em escala reduzida.
Imagens: IMG 9127 – IMG 9153 - IMG 9161 - IMG 9170 - IMG 9197
tamanho de cada foto: 36,5 x
47,5
Local das fotos: Tiradentes-MG: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Chamas da Paixão |
Chamas da Paixão |
Numero de registro da obra: 014
Nome da Obra: “ Chamas da Paixão”
Série Fogo – foto das
chamas no interior do fogão a lenha do ComTradição. Painel com moldura de madeira queimada resgatada do lodo no fundo do rio. Tamanho: 1,07m. x 0,90 m.
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
A todo vapor |
Numero de registro da obra: 002/FE
Nome da Obra: “A Todo Vapor”
Série Maria Fumaça – foto da Maria Fumaça. Painel medindo: 1,00m x 0,80 m. montado sobre suporte que reproduz um trilho
de trem, em ferro com dormentes em madeira de demolição. Detalhe: os grampos em
L que fixam o trilho nos dormentes idênticos
aos originais em escala reduzida.
IMG 9157 – 94 x 61
Local da foto: Tiradentes-MG: 2007
Acervo: Celso Nucci
Farol da 22 |
Numero de registro da obra: 015
Nome da Obra: “Farol da 22”
Série Maria Fumaça – Painel com foto do farol da locomotiva 22. Painel medindo: 1,25m x 0,80 m. montado sobre suporte que reproduz um trilho
de trem, em ferro batido e lata antiga.
Local da foto: Tiradentes-MG: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Numero de registro da obra: 016
Nome da Obra: “ Sublimação”
Foto do momento sublime em que o festeiro reza ao pé do altar. Painel com moldura de
madeira em Jacarandá do Cerrado (extinta). Tamanho: 0,90 m. x 0,77 m.
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2007
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Porões da Escravidão |
detalhes "Porões da Escravidão" |
detalhes "Porões da Escravidão" |
Numero de registro da obra: 017
Nome da Obra: “Porões da Escravidão”
Painel
com foto das grades da antiga cadeia onde eram presos escravos recapturados em Tiradentes-MG, com moldura em
madeira de demolição. Detalhe: correntes, argolas e parafusos antigos
enferrujados. Tamanho do
painel: 0,47 m. x 0,87 m.
Local da foto: Tiradentes-MG: 2007.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Farinha da Casa |
Numero de registro da obra: 018
Nome da Obra: “Farinha da Casa”
Painel
com foto de cena da Casa de Farinha: aldeã torrando a farinha de mandioca com moldura em
madeira de cerca antiga carcomida pelo tempo. Detalhe: parafusos antigos
enferrujados e aplicações de chapa de ferro batido. Tamanho do
painel:1,40 m. x 1,00 m.
Local da foto: Olhos D'Água-GO: 2007.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
A Bela e a Fera |
Numero de registro da obra: 019
Nome da Obra: “A Bela e a Fera”
Painel
com foto da menina segurando um de seus "bichinhos de estimação"com moldura em
madeira de cerca antiga carcomida pelo tempo. Detalhe: parafusos antigos
enferrujados. Tamanho do
painel:1,40 m. x 1,00 m.
Local da foto: Pirenópolis-GO: 2005.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Vidas Paralelas |
Numero de registro da obra: 020
Nome da Obra: “Vidas Paralelas”
Painel
com foto dos bois cangados na junta que puxa o carro de boi com moldura de duas cangas idênticas às originais em
escala reduzida confeccionada em madeira, cordas e correntes antigas. Tamanho do
painel: 1,30 m. x 1,27 m.
Local da foto: Abadiânia-GO: 2011.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
Eles Chegaram |
Numero de registro da obra: 021
Nome da Obra: “Eles Chegaram”
Painel
com foto dos Cavaleiros do Divino chegando ao local do Pouso de Folia. Moldura de janela de madeira antiga de demolição, com ferragens enferrujadas originais. Detalhe: luz de led embutida iluminando o céu. Tamanho do
painel: 0,87 m. x 1,70 m.
Imagem original: IMG_0909
Local da foto: Fazenda do Zezé Balbino, Corumbá de Goiás-GO: 2011.
Acervo: ComTradição Restaurante Galeria
A Chegada
A Folia do Divino Espirito Santo é uma tradição religiosa
católica que remonta ao século XIV em Portugal e nas Ilhas dos Açores. Mas no
povoado de Olhos D’Água, no interior de Goiás, no Brasil, 600 anos depois, a
celebração ainda persiste baseada na fé de pessoas humildes que, a seu modo,
ainda a preservam. Todos os anos, 50 dias após a Páscoa, os cavaleiros do
Divino se reúnem e percorrem as fazendas da região pedindo Pouso.
As comemorações começam após o almoço e entram noite adentro
seguindo até o alvorecer do dia seguinte.
Viva a bandeira do Divino! Explodem os “canos da salva” e os
fogos de artifício. Os cavaleiros fazem a armação rodopiando em seus cavalos
enfeitados. Reunidos recebem o almoço na casa do Alferes e alvoram a bandeira
entoando a “cantoria para buscar o Divino no céu”. Começa a cavalgada– o
alferes à frente empunhando a bandeira vermelha com a pomba branca, fitas e
flores coloridas. Na sua poeira seguem os Regentes com suas coroas feitas com
panos de sofá. A eles cabe a responsabilidade de manter a ordem e a disciplina
dos foliões. Os Músicos exibem suas violas, caixas, pandeiros e sanfonas
enfeitadas. Os catireiros afiam os bicos e saltos de suas botas para fazer o
sapateio que somado aos palmateios, fazem vibrar o Império construído com bambu
e palha de babaçu. Na frente seguiram os Cargueiros levando toda a tralha –
fogos, mudas de roupa e cobertas. Em cada casa que chegam os donos beijam a
bandeira, assistem evoluções em “S” dos cavaleiros, ouvem “as cantorias de
pedir o pouso”, oferecem o “chá” acompanhado da respectiva dança. As mulheres
preparam as comidas no fogão de barro improvisado, com lenha a alimentar o
fogo. Servem o jantar. Agradecem à mesa com a “cantoria do bendito”. Após a
reza do terço dançam a catira com vigor e sincronicidade pela noite adentro. Às
cinco da madrugada o alferes portando a bandeira e entoando a “cantoria da
Alvorada” acorda os foliões ao estrondo dos tiros dos canos de salva. Entoam a
“cantoria da despedida” agradecendo àquele pouso e partindo para o próximo.
Todo este ritual vem sendo acompanhado e registrado
fotograficamente nos últimos 12 anos pela fotógrafa Ana Isabel Nunes. No total
são mais de 6.000 fotos. Dentre elas selecionamos esta que registra a chegada
dos cavaleiros ao Pouso do Sr. Zezé Balbino.
A moldura, em primeiro plano, reproduz uma janela antiga,
desgastada pelo tempo, de onde se observa a chegada dos Foliões para pedir o
Pouso. A fotoescultura sugere que o observador está dentro da casa e seu olhar
aprofunda-se pela fila de cavaleiros tendo à frente o alferes portando a
bandeira do Divino. Cavalos e cavaleiros estão enfeitados para comemorarem o
momento sagrado de agradecimento à colheita.
Acreditamos que dessa maneira, com nosso trabalho,
contribuímos para divulgar a cultura e
os rituais sagrados da comunidade , para preservar a memória das celebrações do
folclore religioso e ajudar na construção da identidade cultural da região.
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